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Bolsonaro convoca ministros em meio à crise das queimadas

23 de agosto de 2019

Diante da comoção internacional e após críticas de Macron, presidente promove reunião de emergência e ordena que todos os ministérios tomem medidas necessárias para identificar e combater focos de incêndio na Amazônia.

Presidente Jair Bolsonaro promoveu reunião de emergência para buscar soluções para as queimadas na Amazônia
Bolsonaro convocou uma reunião de emergência para discutir as queimadas na AmazôniaFoto: picture-alliance/dpa/E. Peres

O presidente Jair Bolsonaro promoveu uma reunião de emergência com ministros para discutir as queimadas na Amazônia, após intensa comoção internacional e fortes críticas do líder francês, Emmanuel Macron, que incluiu a questão na pauta do próximo encontro dos países do G7.

Participaram da reunião nesta quinta-feira (22/08), no Palácio do Planalto, os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Agricultura, Teresa Cristina; da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Bolsonaro assinou um despacho ordenando a mobilização de todos os ministérios para identificar focos de incêndio na Amazônia Legal e buscar soluções. Segundo o documento, o objetivo é a "preservação e a defesa da Floresta Amazônica, patrimônio nacional".

O presidente deverá convocar para esta sexta-feira uma reunião com todos os ministros para avaliar iniciativas de combate às queimadas e evitar maiores desgastes para a imagem do Brasil no exterior.

Macron, que receberá os líderes dos demais países do G7 – Alemanha, Itália, Canadá, Estados Unidos, Japão e Reino Unido – na cidade francesa de Biarritz neste fim de semana, alertou que a questão das queimadas se trata de uma "crise internacional" e propôs aos demais chefes de Estado e de governo "discutir em primeira ordem essa emergência".

"Nossa casa está queimando, literalmente. A Amazônia – o pulmão do planeta que produz 20% do nosso oxigênio – arde em chamas", escreveu Macron em seu perfil no Twitter, ao postar uma foto de um incêndio na Amazônia que, segundo apurou o jornal Folha de S. Paulo, seria antiga.

Bolsonaro reagiu acusando o líder francês de "instrumentalizar uma questão interna" do Brasil para "ganhos políticos" e criticou o que chamou de sensacionalismo em torno da situação.

"O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema", escreveu Bolsonaro no Twitter. O presidente disse ainda que o Brasil está aberto ao diálogo que seja baseado no respeito e em dados.

"A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século 21", acrescentou.

Mais tarde, em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro expressou preocupação com possíveis retaliações ao Brasil e deu um alerta aos jornalistas de que, se isso ocorrer, todos serão afetados.

"Estamos no mesmo barco. A nossa economia está escorada nas commodities. Se o mundo resolver nos retaliar e a economia nossa bagunçar, todos vocês repórteres vão sofrer as consequências", disse Bolsonaro.

O descaso do governo brasileiro com o meio ambiente tem sido alvo de críticas da comunidade internacional. As imagens dos incêndios que já atingiram vários estados brasileiros dispararam um alerta mundial nesta semana e repercutiram em massa nas redes sociais, com intensa pressão para que as autoridades trabalhem para solucionar o problema.

Como parte dessa mobilização, circula nas redes sociais a convocação para um protesto na sexta-feira em frente a embaixadas do Brasil em vários países do mundo, bem como atos em cidades brasileiras ao longo dos próximos dias.

Ainda não há dados oficiais sobre a dimensão do estrago causado pelos incêndios. Estima-se, porém, que milhares de hectares estejam sendo consumidos pelo fogo nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas em todo o país neste ano superam em 83% a quantidade registrada no mesmo período em 2018.

Bolsonaro culpou a seca pela tragédia e, sem qualquer prova, chegou a acusar ONGs ambientalistas, com apoio internacional, de estarem por trás das queimadas para supostamente prejudicar seu governo.

RC/ots

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