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ConflitosIsrael

ONU debate adesão da Palestina, potências sancionam Irão

Lusa
18 de abril de 2024

Israel defendeu no Conselho de Segurança que a admissão plena da Palestina na ONU seria "a maior recompensa para o terrorismo". EUA e Reino Unido anunciam novas sanções ao Irão.

Conselho de Segurança da ONU
Foto: Fatih Aktas/Anadolu/picture alliance

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, sustentou que, a ser aprovada, esta resolução "terá impacto zero nas partes", além de "causar destruição durante anos e prejudicar qualquer possibilidade de diálogo futuro".

O diplomata recordou que o dia 07 de outubro - data do ataque do grupo islamita palestiniano Hamas contra Israel - foi "o maior massacre de judeus depois do Holocausto", e apesar disso, "este Conselho tenta recompensar os seus perpetradores e aqueles que os apoiam com um Estado".

Gilad Erdan acrescentou que "os violadores do Hamas devem estar a assistir a esta reunião e a sorrir".

Além desta retórica, o diplomata alegou que a Palestina não atende aos requisitos de um Estado para integrar a ONU, nomeadamente uma população permanente, um território definido, a capacidade de ter relações externas com outros Estados e, "o mais importante, que seja um Estado amante da paz".

"Que piada! Alguém duvida que os palestinianos não podem cumprir esses critérios?", proclamou, questionando ainda: "Acreditam realmente que esta resolução tornará uma solução mais possível ou mudará alguma coisa no terreno?"

Erdan proferiu o seu discurso numa sala cheia de ministros e enviados internacionais, que, na maioria, apoiam um futuro Estado palestiniano.

Palestina defende adesão

Na mesma reunião, o enviado da Autoridade Palestiniana à ONU, Ziad Abu Amr, defendeu que a Palestina apenas pede uma resolução semelhante àquela que permitiu a adesão de Israel às Nações Unidas. Esta mensagem foi dirigida sobretudo aos Estados Unidos e a alguns países da União Europeia (UE) que pedem que o Estado palestiniano seja o resultado de negociações com Israel e não através de uma resolução.

"Como foi reconhecido o Estado de Israel? Através de uma resolução da ONU, número 181", lembrou Ziad Abu Amr.

Além disso, Abu Amr sublinhou que, nos 12 anos em que o seu país tem sido um "estado observador" na ONU, um estatuto que só partilha com o Vaticano, "desempenhou um papel positivo e construtivo". Por esta razão, sublinhou o representante diplomático, "é hora de o Conselho de Segurança assumir a sua responsabilidade histórica e fazer justiça ao povo palestiniano".

António Guterres defendeu o "fim da ocupação" e o "estabelecimento de um Estado palestiniano totalmente independente"Foto: Yuki Iwamura/AP Photo/picture alliance

A posição do político foi expressa no mesmo dia em que o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu o "fim da ocupação" e o "estabelecimento de um Estado palestiniano totalmente independente".

Guterres voltou a defender uma solução de dois Estados, com "Israel e a Palestina a viver lado a lado em paz e segurança", com base em resoluções da própria organização, no direito internacional e em acordos anteriores.

O Conselho de Segurança da ONU vota hoje um projeto de resolução da autoria da Argélia que recomenda a admissão do Estado da Palestina como membro pleno da ONU. Contudo, os Estados Unidos, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto, opõem-se à iniciativa pelo reconhecimento unilateral da Palestina e deverão votar contra, impossibilitando a aprovação.

Valas comuns

Entretanto, as autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas, anunciaram hoje a descoberta de uma nova vala comum com mais de 30 corpos junto ao hospital Al Shifa, severamente atingido por ataques israelitas.

Até ao momento, as equipas de emergência conseguiram recuperar 30 corpos, que foram enterrados em dois cemitérios próximos e foram identificados apenas os corpos de doze pessoas, divulgou em comunicado o chefe do gabinete de comunicação social do Governo em Gaza, Salama Maarouf.

O "destino de cerca de 1.000 pessoas, incluindo cidadãos, pessoal médico e jornalistas" após o ataque "ainda é desconhecido" e "os seus corpos foram escondidos noutro local", segundo Maarouf, que criticou "o crime hediondo e desprezível cometido pelo exército de ocupação ao saquear o maior complexo médico da Palestina e ao destruí-lo completamente".

O chefe do gabinete de comunicação social do Governo em Gaza adiantou trata-se do "massacre mais horrendo conhecido na história contra um complexo médico", exortando o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) a investigar  "a todos os níveis" este massacre cometido pelo exército de ocupação no complexo de Al Shifa.

Hospital Al Shifa foi severamente atingido por ataques israelitasFoto: Tedros Adhanom Ghebreyesus/Handout/REUTERS

Sanções ao Irão

Os Estados Unidos da América e o Reino Unido impuseram hoje novas sanções ao Irão, numa altura de crescente preocupação de que o ataque sem precedentes de Teerão a Israel possa desencadear uma guerra mais vasta no Médio Oriente.

O Departamento do Tesouro norte-americano disse que visou 16 pessoas e duas entidades no Irão que produzem motores que alimentam os 'drones'. Inclui os 'drones' Shahed, que o Irão utilizou no ataque contra Israel do passado sábado, 13 de abril, e que também têm sido usados pelas forças russas na guerra contra a Ucrânia.

O Reino Unido tem como alvo várias organizações militares iranianas, pessoas e entidades envolvidas nas indústrias de 'drones' e mísseis balísticos do Irão, segundo as agências norte-americana AP e francesa AFP. 

O ataque do Irão a Israel surgiu em resposta ao que Teerão diz ter sido um ataque israelita ao consulado iraniano na Síria, no início do mês, que causou 16 mortos, incluindo dois comandantes da Guarda Revolucionária iraniana.

O chefe militar israelita disse na segunda-feira que Israel vai responder ao ataque iraniano, enquanto os líderes mundiais alertaram para a necessidade de contenção, tentando evitar uma espiral de violência.

Os líderes da União Europeia (UE) também prometeram aumentar as sanções contra o Irão, visando as entregas de 'drones' e mísseis aos grupos que Teerão patrocina em Gaza (Hamas), no Iémen (Houthis) e no Líbano (Hezbollah). 

Faixa de Gaza: Situação humanitária continua a deteriorar-se

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