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MigraçãoTunísia

O impacto da migração na campanha eleitoral na Tunísia

Jennifer Holleis | Tarak Guizani
18 de dezembro de 2023

O número de migrantes da Tunísia para a Europa duplicou este ano, tal como o número de pessoas intercetadas. Qual o impacto do pacto de migração da UE e como poderá afetar as chances de reeleição do Presidente Saied?

Migrantes africanos em Tunes, Tunísia
Foto: Yassine Gaidi/AA/picture alliance

As estatísticas da guarda costeira tunisina apontam para um dado novo: um grande aumento no número de não-tunisinos nas rotas migratórias em direção à Europa – foram 78% este ano, em comparação com 59% no ano passado.

Hager Ali, investigador do Instituto Alemão de Estudos Globais, disse à DW que esta variação reflete a situação política em países como o Burkina Faso, Mali, Guiné-Conacri, Costa do Marfim, Sudão, Eritreia e Líbia.

"São países que, nos últimos dois anos, assistiram a um aumento de golpes militares e de volatilidade política e económica, de violência extrema, de perseguições, de deslocações internas... Muitos deixaram esses países, foram para a Tunísia, estabeleceram-se e trabalharam lá durante algum tempo", explica. 

Presidente da Tunísia, Kais SaiedFoto: Tunisian Presidency/APA Images/ZUMA/picture alliance

Milhões da UE para conter a migração

Segundo dados do Ministério do Interior italiano, cerca de 146 mil pessoas chegaram a Itália em pequenos barcos entre janeiro e novembro, o que configura um aumento de 65% face a 2022.

Em junho, a Comissão Europeia ofereceu ao Presidente tunisino, Kais Saied, um "pacto de migração" destinado a conter o fluxo de migrantes para a Europa.

Na altura, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu até 900 milhões de euros em ajuda à Tunísia, sendo que parte desse dinheiro deveria ser aplicada na contenção da migração irregular, como explica Heike Löschmann, diretora do escritório de Tunes da Fundação Heinrich Böll.

Ela esclarece que "até agora, existe apenas um memorando de entendimento, que não é vinculativo e estabelece cinco áreas de cooperação, como a transição energética ou a educação, com apenas um pilar que aborda diretamente a migração".

Migrantes africanos intercetados pelas autoridades tunisinas quando tentavam chegar à EuropaFoto: Ferhi Belaid/AFP/Getty Images

Pacto de migração mal visto internamente

Heike Löschmann admite ainda que a proporção de tunisinos entre as chegadas à Europa diminuiu para metade "porque o número de migrantes de outros países, especialmente da África subsaariana, aumentou enormemente".

Mas esse pacto da Comissão Europeia com Tunes não é bem visto internamente, com a opinião pública na Tunísia a mostrar-se pouco recetiva a assumir responsabilidades em relação à contenção das migrações em direção à Europa.

As condições para os migrantes na Tunísia também se deterioraram este ano.

Em fevereiro, o Presidente Saied desencadeou uma onda de violência contra os migrantes negros, alegando que ameaçam transformar a Tunísia "árabe-muçulmana" num país "africano".

Por outro lado, o chefe de Estado tunisino tem um eleitorado para conquistar: em novembro de 2024, o país vai a eleições. E a imigração e a má gestão da crise económica podem custar o apoio público a Kais Saied, especialmente entre os jovens.

Tunísia: O novo ponto de migração para a Europa

03:11

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Tarak Guizani Journalist
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