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Nampula: População denuncia desvio e falta de medicamentos

Sitoi Lutxeque (Nampula)
20 de maio de 2023

Cidadãos dizem que há profissionais do Sistema Nacional de Saúde a roubar medicamentos para venda no mercado informal. E que desvio está a causar escassez nos hospitais. Governo garante responsabilização.

Mosambik | HCN Zentralkrankenhaus in Nampula
Foto: DW/S. Lutxeque

Segundo denúncias feitas por utentes, alguns profissionais do Sistema Nacional de Saúde (SNS) roubam medicamentos dos depósitos das diferentes unidades sanitárias da província moçambicana de Nampula. A situação, dizem, está a gerar falta de medicamentos nas farmácias públicas. 

Ouvido pela DW, Mário Luís, um dos cidadãos residentes na cidade de Nampula, diz que os medicamentos são vendidos no mercado informal e deixa um alerta: "os profissionais de saúde devem ganhar consciência, porque quando desviam medicamentos são vidas que estão a morrer. A população vai ao hospital e não há quartem [um dos fármacos usado para o tratamento da malária], nem outos medicamentos, e isso é preocupante", diz. 

Mário Luís exige ação das entidades competentes, "no sentido de estancar este tipo de comportamento”. 

As autoridades governamentais asseguram que não há falta de medicamentos nas unidades sanitárias da província. De acordo com o Secretário de Estado na província, Jaime Neto, a haver rutura [de medicamentos] nos hospitais, esta deverá estar relacionada a má gestão dos mesmos. 

Jaime Neto, Secretário de Estado na província de NampulaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Segundo o governante, o problema está no controlo dos medicamentos quando saem dos armazéns para a distribuição: "temos que resolver esses problemas, para permitir que os cidadãos tenham medicamentos prescritos, pelo menos aqueles que estejam no Sistema Nacional de Saúde, porque há doenças que requerem uma especialidade e os medicamentos têm de ser adquiridos fora do sistema de saúde, mas no geral não há problemas de medicamentos", garantiu.

Ainda assim, Jaime Neto admite haver desvios "em algumas unidades sanitárias" e diz que os "ladrões" devem ser responsabilizados.

"Temos que reestruturar o nosso sistema. Depois da saída dos medicamentos dos armazéns, temos que reestruturar a sua utilização nas unidades sanitárias. É um desafio, mas vamos trabalhar para sair dessa situação", disse. 

Mau atendimento

Outro dos problemas de que os cidadãos da província reclamam é o mau atendimento nos centros hospitalares. 

"Sem costas quentes [suborno] não és bem atendido, é normal a apanhar uma pessoa bem estatelada [num estado grave] doente no chão, mas de repente vir uma pessoa com dinheiro ser atendido e deixar um outRo doente [sem dinheiro] mal", conta à DW, Saíde Chaona, um outro cidadão.

O Secretário de Estado de Nampula lembra que o Sistema Nacional de Saúde prevê atender de forma condigna todos aqueles que se dirigem às unidades sanitárias, daí que todos os enfermeiros devem trabalhar para honrar a sua carreira. 

"O Sistema Nacional de Saúde tem de trabalhar para identificar e corrigir essas anomalias, porque já foram relatadas situações, não só nas enfermarias, mas também nas salas de partos, e praticamente em todo lado, de alguns profissionais, sem qualquer motivo, que sabotam o trabalho de todos", referiu.

Contudo, o governante garantiu que o Estado vai continuar a trabalhar com vista a assegurar melhores atendimento e humanizado aos cidadãos. 

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